Segue um trecho:
Não posso contar meus males,
Nem a mim mesmo em segredo;
É tão cruel o meu fado,
Que até de mim tenho medo.
Nem a mim mesmo em segredo;
É tão cruel o meu fado,
Que até de mim tenho medo.
Dos homens sendo a paixão
Incêndio voraz no peito,
Sempre tem funesto efeito,
Se não rebenta o vulcão.
Eis porque, meu coração,
Pouco falta, que me estales;
Porque nos montes, nos vales,
Em deserto, ou povoado,
Não posso soltar um brado,
Não posso contar meus males.
Incêndio voraz no peito,
Sempre tem funesto efeito,
Se não rebenta o vulcão.
Eis porque, meu coração,
Pouco falta, que me estales;
Porque nos montes, nos vales,
Em deserto, ou povoado,
Não posso soltar um brado,
Não posso contar meus males.
(...)
O peito d’antes sereno
Centro de amor e ternura,
Agora é morada escura
De males mil, com que peno.
Vós p’ra quem um fado ameno
Aponta com áureo dedo,
Fugi de mim porque cedo
Mudar-se vereis a sorte;
Pois o meu mal é tão forte,
Que até de mim tenho medo.
Centro de amor e ternura,
Agora é morada escura
De males mil, com que peno.
Vós p’ra quem um fado ameno
Aponta com áureo dedo,
Fugi de mim porque cedo
Mudar-se vereis a sorte;
Pois o meu mal é tão forte,
Que até de mim tenho medo.
Inteira e com a grafia antiga aqui
Aí, observo de quem era e me surpreeendo, era do Frei Caneca. Ele foi um do líderes da Confederação do Equador, movimento separatista pernambucano em 1824. Eu sabia que ele era intelectual, professor, e um dos redatores do jornal revolucionário . Mas na minha vasta ignorância, não sabia que ele tinha registrado boas poesias. Libertário, forte, a poesia parece refletir um pouco o espírito do revolucionário.
Um Frei que escreve sobre uma paixão forte (dizem que os primeiros 4 versos foi para uma mulher, de amor impossível) e que reconhece o próprio mal nos últimos versos?
Me tornei mais fã dele ainda!
2 comentários:
Também não conhecia... na verdade, para sair da ignorância falta muita coisa :)
xero
Não sabia também que ele escrevia. Achei legal.
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