quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Versos de Quarta - Frei caneca

Estive na expoideias no domingo. Não sou muito chegado neste tipo de feira, mas resolvi dar uma espiada. Das poucas bancas que me prenderam, uma era a da Cepe, uma editora pernambucana. Havia uma coletânea de escritores pernambucanos. e vejo um poema muito legal
Segue um trecho:

Não posso contar meus males,
Nem a mim mesmo em segredo;
É tão cruel o meu fado,
Que até de mim tenho medo.

Dos homens sendo a paixão
Incêndio voraz no peito,
Sempre tem funesto efeito,
Se não rebenta o vulcão.
Eis porque, meu coração,
Pouco falta, que me estales;
Porque nos montes, nos vales,
Em deserto, ou povoado,
Não posso soltar um brado,
Não posso contar meus males.

(...)

O peito d’antes sereno
Centro de amor e ternura,
Agora é morada escura
De males mil, com que peno.
Vós p’ra quem um fado ameno
Aponta com áureo dedo,
Fugi de mim porque cedo
Mudar-se vereis a sorte;
Pois o meu mal é tão forte,
Que até de mim tenho medo.

Inteira e com a grafia antiga aqui

Aí, observo de quem era e me surpreeendo, era do Frei Caneca. Ele foi um do líderes da Confederação do Equador, movimento separatista pernambucano em 1824. Eu sabia que ele era intelectual, professor, e um dos redatores do jornal revolucionário . Mas na minha vasta ignorância, não sabia que ele tinha registrado boas poesias. Libertário, forte, a poesia parece refletir um pouco o espírito do revolucionário.

Um Frei que escreve sobre uma paixão forte (dizem que os primeiros 4 versos foi para uma mulher, de amor impossível) e que reconhece o próprio mal nos últimos versos?
Me tornei mais fã dele ainda!

2 comentários:

Anônimo disse...

Também não conhecia... na verdade, para sair da ignorância falta muita coisa :)

xero

Marina disse...

Não sabia também que ele escrevia. Achei legal.