quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Versos de quarta - Alice Ruiz

Hoje o dia é de Alice Ruiz, vencedora do prêmio Jabuti de poesia em 2009.
São dois hai-kais

Primeiro vagalume
Assim começa
o fim do ano

Dia que termina
Nenhuma pressa
Ano que começa

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Tiro ao álvaro

Chegará o dia em que os corruptos deixarão de ser cassados com 'ss' e passaram a ser com 'ç'

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Mensagem de Natal

Não se esqueçam o que é o natal
Dia 25 é o nascimento de cristo.
Então veio o Papai Noel e roubou a data do nosso senhor
Papai noel é um ladrão!!

De um cidadão que berrava em uma parada de ônbus

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Versos de quarta* - Carlos Pena Filho

* Se tudo caminhar bem, até o fim de janeiro, vão aparecer uns versos, hai-kais e coisas do gênero por aqui todas as quartas


Um dos meus hobbies é o tal do pôquer. Vira e mexe eu jogo uma partidinha online e num dia iluminado eu consegui ganhar uns trocadinhos reais. Com o trocado que ganhei, minha primeira idéia foi comprar alguma coisa, além de pagar uma pizza pros amigos. O "alguma coisa" serviria como um troféu, algo físico, concreto. Decidi queseria um livro do Leminski. Apesar de citá-lo constantemente, não tenho nada do cidadão
Pois bem, fui à livraria e não tinha nada dele. Quintana? Tinha, mas não o que queria. Iria então apelar para uma novidade, que acabou sendo Carlos Pena Filho. Para quem não o conhece, ele foi um dos poetas pernambucanos mais importantes depois da geração de 45 (pulemos o Hour Concour João Cabral).
Quando eu rodei o Recife fotografando o circuito dos poetas (se alguém não viu, espia aqui) fiz uma breve pesquisa sobre o que escreveu cada um e neste momento Carlos Pena Filho já me saltava aos olhos. Observe que a estátua dele é tipo numa mesa de bar e sempre senta alguém pra conversar com ele.
Bem, eu juro que cheguei até aqui pensando em escrever um outro verso , mas como eu vi que um dos meus preferidos dele, o que está na foto, não foi registrado aqui ainda, vai ser o verso que inaugurará esta sessão.

Só fazendo uma breve contextualização para entender as entrelinhas:
O bar Savoy foi um bar histórico no centro da cidade do Recife. Era o nosso antro de intelectuais e poetas, de cuja efeversência se criaram muitos versos e prosas. Figurinhas como Sartre, Simone de Beauvoir, Camus, Ariano Suassuna, (e uma lista maior que eu me esqueci) já frequentaram o lugar. É um lugar que tinha história pra contar.
Pena Filho então escreveu o famoso refrão do bar Savoy.

Chopp

Na avenida Guararapes,
o Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
tanto se foi transformando
que, agora, às cinco da tarde,
mais se assemelha a um festim,
nas mesas do Bar Savoy,
o refrão tem sido assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.
Ah, mas se a gente pudesse
fazer o que tem vontade:
espiar o banho de uma,
a outra amar pela metade
e daquela que é mais linda
quebrar a rija vaidade.
Mas como a gente não pode
fazer o que tem vontade,
o jeito é mudar a vida
num diabólico festim.
Por isso no Bar Savoy,
o refrão é sempre assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.

Carlos pena Filho morreu com apenas 31 anos em um acidente de carro. Após a sua morte, Mauro Mota, outro poeta pernambucano, escreveu

São agora vinte e nove
Os homens do Bar Savoy.
Vinte e nove que se contam.
Falta um. Para onde foi?

Vinte e nove homens tristes.
Dentro deles, como dói
a ausência do poeta Carlos
na mesa do Bar Savoy.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Arte?


Manhole Cover

Tão vendo esta cueca acima? Foi eleita a pior obra de arte deste ano.
Este caso ainda foi uma "brincadeira", mas uma vez eu passeava pelo MAM do Rio de Janeiro no setor onde eram expostas algumas peças de arte moderna, estilo que particularmente gosto. Na saída, me virei e quase tropeço em um bueiro que ficava no corredor. Após o desvio eu fito com os olhos e, pasmém, papelzinho retangular do lado da boca-de-lobo.

"Sem título
Artista fulano de tal"

E desta vez não era piada.
Puta merda, a rua vizinha a minha tem mais de 60 obras de arte e eu não sabia
Por mais relativista que eu seja e por mais coisas deste nível que eu já tenha visto, esta ilimitação da arte às vezes me deixa com uma pulga atrás da orelha

Ah, antes de acabar esta postagem, eu lembrei que fiz uma brincadeira fotográfica sobre o tema. Vocês podem ver neste link aqui.
Mas atenção, tem quatro historinhas aí, a que eu estou citando é a útima, pode dar uma passadinha nas barrinhas

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O exército de um homem só

- Estuda, filho, estuda. Lembra-te que Rabi Iochanan ben Zacai dizia "Foste criado para estudar a Torá"
Tonto de Sono, Mayer respondia:
- Mas Simeon, Filho de Rabi Gamaliel, dizia: "Passei a vida entre sábios e nada achei de melhor do que o silêncio. O essencial não é estudar, é fazer"
- Simeon? era inexperiente. Rabi Gamaliel, seu pai, sabia o que estava dizendo quando disse "Procure um mestre". Eu sou o teu mestre, meu filho.
- Na Guemara - contestava o perverso Mayer - está escrito "se o discípulo percebe que o mestre está errado, deve corrigi-lo"
A testa do pai vincava-se:
- Em que estou errado, meu filho?
- Em me obrigar a estudar estas bobagens quando estou louco de sono.
- Na Guemara está escrito "Se um grande homem disser uma coisa que te pareça um absurdo não rias, tente entendê-lo (...). Está escrito na Torá, a maior riqueza é o estudo, a religião.
- Não - gritava Marx - A maior riqueza é a posse dos meios de produção, estás ouvindo? É bem como diz Marx: a religião é o ópio do povo.
- Quem é este Marx? - perguntava o pai espantado - e o que ele sabe da felicidade dos homens?
- Sabe tudo! Sabe que não deve haver fome, nem injustiça. Não deve haver "meu" nem "teu"; deve ser "o que é meu é teu; o que é teu é meu".
O pai abanava tristemente a cabeça.
- Na Mishná está escrito que há 4 tipos de homens: O vulgar diz: "O que é meu é meu; o que é teu é teu"; O perverso diz "O que é meu é meu; o que é teu é meu"; O homem santo diz "O que é meu é teu, o que é teu é teu"; Mas tu, meu filho, dizes "o que é meu é teu, oque é teu é meu". E isto, segundo a Mishná, são as palavras do excêntrico, do estranho entre os homens. Acho que vais sofrer muito, meu filho .


O pai estava certo. Esta discussão do filho insolente, Mayer Guinzburg, ou Capitão Birobidjan, com o seu pai, que mistura política, religião e chega em desfecho curioso está no livro Exército de um homem só, do Moacir Sclilar. O livro que tem um quê de dom quixote, outro de revolução dos bichos e mais umas pitadas do manifesto do partido comunista pela perspectiva de um judeu.
É um nó tremendo, mas vale a pena. E como diria o Capitão Birobidjan, durante as várias vezes que tentou concretizar o seu sonho

- Iniciaremos neste momento a construção de uma nova sociedade

sábado, 12 de dezembro de 2009

Poesia

De uns tempos pra cá eu tenho engatinhado no ramo das poesias. Não é a coisa mais fácil ou natural para um engenheiro (Alguém se lembra de outros poetas-engenheiros além do João Cabral?). O pragmatismo da área anda na direção inversa da subjetividade e sentimentalismo poético. Em suma, o engenheiro-padrão lê um livro de poesias achando que o espaço em branco da página está sendo mal aproveitado porque tem poucas letras.

Bem, eu sigo tentando ampliar minhas fronteiras e vou tentando ler uma coisinha aqui, outra ali.

Mas bem, nem sei por que esta introdução acima. Queria mesmo era registrar este vídeo que eu encontrei no youtube de um dos poetas cujo estilo eu mais me identifico (e que nem é novidade pra quem vê aqui), Paulo Leminski.Neste vídeo abaixo ele cita alguns versos e discorre sobre o que acha de poesia.








"O poeta se define sobretudo pela capacidade de produzir beleza com linguagem"
"A poesia é um inutensílio. (..) querer que a poesia tenha um porquê é a mesma coisa que querer que um orgasmo tenha um porquê"
"Há tanta poesia no receptor como no emissor"


Por sinal, estas três frases tem muito a ver com o que é discutido aqui no blog da Rita, alguém que sabe infinitas vezes mais do assunto do que eu.




Eu na pedreira Paulo Leminski, em Curitiba. Os versos ali atrás são

Aqui
nessa pedra

alguém sentou
olhando o mar

o mar

não parou
para ser olhado

foi mar
pra tudo que é lado

Pulem esse

Esta postagem é só pra registrar um verso de Leminski.
Vão por mim, não é o mais bonito, mas eu quero registar pra ter como link pra mostrar para umas pessoinhas

Merda e ouro

Merda é veneno.
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.
Cagam ricos, cagam pobres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Espontaneidade

A aeromoça
diz: obrigada
obrigada