sábado, 27 de novembro de 2010

Felicidade solitária - Bandeira' Rock

Não vou dizer que estar sozinho é a melhor das coisas. Mas concordo com o Quintana. É importante que nós preservemos a nossa solidão também. Sozinho você está mais aberto às impressões da rua, às pessoas, ao seu próprio universo. Já comentei sobre viajar sozinho uma vez aqui, daí nem pretendo me alongar tanto.
Mas por estes dias do novembro que passou, tive um domingo incrível a tarde. Um domingo solitário. Pude assistir exposições de fotografias, de gravuras, uma relacionadas a um poeta, um curtametragem, além de uma feira de novas ideias.
Sei que as impressões foram tão "fortes" comigo que, quando dei por conta, eu andava pela rua segurando os papéis que saí recolhendo sobre as exposições contra o peito, cabeça inclinada, olhar baixo, como que me "defendendo" de tanta coisa. Foi como uma resposta do corpo.
É uma sensação diferente, mas bacana. O fato é que as postagens que vem a seguir são relacionadas a este dia.

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Passando pela rua em um fim de tarde eu vi um palco grande e uma tenda onde algumas pessoas estavam sentadas em cadeiras de plástico na outra ponta. Vou em direção a tenda e tenho uma surpresa. Um recital de poesias do Manuel Bandeira.
A ideia geral da coisa poderia ser bastante legal, se o infeliz que programou o recital tivesse percebido que o horário do danado bateria com a passagem de som. Poderia divagar aqui e aproveitar o clichê e dizer bonitinho que alguns trechos encaixaram perfeitamente aos versos. Entretanto, não foi o que aconteceu e acabou prejudicando mortalmente o recital.
Na saída, uma dúvida acabou perdurando: será que se fosse algo intencional, combinaria?


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Fotossensível

Três registros da minha última viagem. Tentando fazer arte com minha câmera


Sol se escondendo entre as montanhas
Beira do abismo. Esta foto me dá um frio na barriga até agora
Balançando para o infinito

sábado, 20 de novembro de 2010

Tradução por figuras


ESte instrumento acima é uma escaleta, meu mais novo brinquedo. Ando enchendo o saco dos meus vizinhos e perdendo o fôlego soprando este bagulho

Já na imagem abaixo, eu peço a ajuda de vocês para compreender o significa isso que está no manual dela.
O bico preto é o bocal do instrumento.



Será quem canta os males espanta em japonês? :D

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Alma feliz

Minha mãe foi ao cemitério na véspera do dia de finados para evitar o fluxo excessivo do dia.
Ao passar um trecho do cemitério, reconheceu o túmulo do ex-síndico do prédio, sr Fulano de Tal.
Bom coração, ela parou pra fazer umas orações a alma do Sr Fulano. Separou uma vela para acender para ele

Ela segue adiante e 5 minutos depois olha um outro túmulo
"Fulano Sicrano de tal"
O túmulo real do ex-síndico lá do prédio. Ela se esquecera do segundo nome, as datas eram mais coerentes.

Minha mãe rezou pela alma errada

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Comemorações

Os militantes vermelhinhos se reuniram pra comemorar a vitória. Comemoram com o mesmo entusiasmo inicial nas duzentas vezes que se anunciou "Dilma ganhoooooooooou". É como um torcedor de futebol comemorasse o replay de um gol. A catarse fazia com que qualquer estímulo seja razão de gritar, de chorar, de soltar todos os palavrões que conhece, de amar, de morder e etc.

Estive num fim de noite que agregou militantes vermelhinhos. Especificamente onde eu fui, havia casais. Todos bastantes amorosos, mas eu queria destacar um, maior exemplo do raciocínio: Energia + álcool + provocações -> Energia sexual latente.

Se olhavam sem nenhum sinal de amor evidente. Se houvesse, estava encoberto pelo clima de tesão recíproco. Os beijos linguarudos, os amassos, diantes de todos do lugar, sem evidências de constrangimento.
De repente, a mão da moça escorrega até o short do moço, numa indução provocadora. Sai rapidamente, mas o suficiente para tirar o moço do sério. Ele então põe a mão na altura do joelho dela e desliza rapidamente em direção ao short.

Nesse momento eu queria invocar Nelson Rodrigues (de novo?) que disse algo do tipo "na minha juventude, eu não sabia dar nem bom dia a uma mulher". O cara saiu de uma provocada ousada, mas até certo ponto sutil (só alguns conseguiriam enxergar a bolinada) para uma mais evidente e agressiva. Ele foi pra meter a mão na genitália da menina mesmo. Ela fechou as pernas, pôs a mão pra "proteger" e se contraiu toda. Porém, a risada do seu rosto denotava que ela não estava achando isso a maior das ofensas.
O moço, tomado pela irracionalidade típica de um provocado e com a mão nada boba, insistiu. A menina resistiu, mas deslizou até a borda da cadeira.
Ele insistiu, ela resistiu
Ele insistiu, ela resistiu
Ele insistiu, ela caiu da cadeira, esparramada no chão
Mas não caiu como numa escorregada sutil. Caiu com uma jaca mole desaba sob um chão duro. Um ploft que ressoou por todo o lugar. A cadeira de madeira que ela sentara caiu junto, não menos escandalosa. O moço quase chegou a ir junto, mas se equilibrou com as pernas e evitou o tombo.
Vendo o ridículo da situação que ele provocara e querendo acalmar o lugar, ele soltou:
- Eu acho que esta cadeira é quebrada.
Enquanto a moça, olhando pra plateia que acompanhava o show, assumiu:
- Não, não foi a cadeira
E completou, com um olhar e sorriso faceiros e uma sinceridade etílica:
- O problema foi ooooutro.
Os carinhos esfriaram, mas nem tanto. Cerca de 10 minutos depois eles saíram juntos no carro.

sábado, 6 de novembro de 2010

A foto


No post 200 eu comentei que iria falar desta foto. Queria comentar da história dela
Dias destes eu estava no banheiro fazendo a barba, minha irmã acabara de tirar um café pra mim quando eu vi a tal exclamação no azulejo. Parei tudo pra tentar captar alguma imagem boa usando esta referência. O agravante era o pouco tempo pra pensar e as nuvens que passavam de instante em instante.
Sorte que deu tempo de pensar no boneco e pegar esta foto!
Mais do que a foto em si, achei bacana a circunstância. Dentro da casa que eu sempre vivi, consegui ver algo novo. Sorte também neste dia eu estar receptivo a estímulos como esse. Estas coisas são essencialmente do espírito, uma reação da minha parte mais poética ao cutucão que a natureza proporcionou.
Traduzindo em tempos da minha área:
Estímulo + natureza + espírito --> Processamento --> foto
Eu reconheço uns defeitos na foto, mas pelo contexto, foi uma das que eu não vou me esquecer

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

200



* Vou comentar sobre esta foto na próxima postagem

Depois da última postagem, eu tive a ideia de contar pra saber quantas faltavam para a de número 200 e tomei um susto
Já era a 199ª postagem, a seguinte já seria a 200.

Estes números redondos são bons como marcos, como referências para sentimentos. Eu juro como não achava que o blog chegasse na postagem 50. Hei de concordar com o Leminski

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.

O blog nasceu pelo desejo de registrar minhas pequenas sacadas e treinar meu poder de síntese, mas tentei de tudo um pouco. Os textos acabaram crescendo naturalmente. Mas deu uma ponta de saudade de uns formatos antigos que eu escrevia. Vou citar abaixo algumas postagens de referência. Minha lista ficou maior, mas tinha que reduzir isso :D

Haikai e outras tiradas : Este foi o primeiro haikai meu que eu postei aqui. Vez por outra eu posto algo meu como quem não quer nada. Poucas foram minhas tentativas em outros tipos de poesia, como o arte até ter ar, uma brincadeira de msn que virou um verso concretista.

Sartre e Dostoiévski: Referências ao que leio são muitas. Acho isso bacana, serve como um output do que a leitura produziu em mim. Ao reler, me lembra um pouco do sentimento do livro

Histórias do cotidiano e personagens do dia-a-dia: Preciso contar minhas histórias histórias. Adoro contar as coisas que vejo e que percebo de uma maneira atrativa e tentar evidenciar facetas interessantes de pessoas comuns.
Reflexões e divagações arrumam seu espaço na hora da inspiração. Concatenar estas coisas nem sempre é fácil, mas o blog tá aí pra tentar.

Versos de quarta, haikais dos sábados São algumas colunas que perderam um pouco a periodicidade, mas que refletem poetas que eu esteja lendo no período. É quase que um retrato.

Nos agradecimentos, não posso deixar de citar Leminski, Quintana, Rodrigues, Bukowski, Pena Filho e os demais que incitam meu espírito.
Por último. Queria agradecer aos meus poucos, porém ótimos leitores. A maioria eu conheço e me sinto orgulhoso de ser lido por figuras tão ilustres.

Valeu!