sábado, 30 de janeiro de 2010

Pergunta sem resposta

Quem se atreve?


A é a repostas dos Lulistas
B da exterma esquerda
C a resposta da direita
D a da esquerda clássica
E é do pessoal do centro

apartidários como eu votam em branco nesta questão

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Versos de quarta - Ferreira Gullar

Ferreira Gullar, o homem do poema sujo, daqueles que rompem com as formas pré-estabelecidas da poesia, está entre os meus favoritos. Acho que o poema abaixo nem representa muito a obra dele, mas eu acho bem bacana

Nasce o poeta
6

A manhã apaga
as perguntas da noite

as coisas são claras
as coisas são sólidas

o mundo se explica
só por existir

a memória dorme

o presente ri


Bem, este é deveria ser o último da série, mas acabou vindo mais por aí.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Kit



Elementos para um estada solitária na praia

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Versos de quarta - Ascenso Ferreira

Ainda sobre o que eu comentei das sinópses de dança na postagem anterior, uma amiga minha mandou um vídeo pra eu ver, este aqui. Nele um pianista-solo e um bailarino local comentam sobre o espetáculo dos dois, chamado neo-nômade.
O pianista então começa a divagar sobre o tema, comentando sobre o "novo nomadismo" e citando como culpados o neoliberalismo (hã?!), o capitalismo e outros vilões contemporâneos.

Mas bem, é um espetáculo de dança e de piano. Será que por si só conseguiria resgatar algo assim?

Então me veio em mente o grande Ascenso Ferreira. Também está retratado no circuito dos poetas. Ele tinha um espírito bem interessante, pelos relatos era um cara de espírito anárquico e caricato. Enfim, sem maiores delongas, um dia ele escreveu:

Hora de comer — comer!
Hora de dormir — dormir!
Hora de vadiar — vadiar!
Hora de trabalhar?

— Pernas pro ar que ninguém é de ferro!


Teorias da revolução, discussões filosóficas sobre a vida e os rumos da humanidade são relevantes, mas cada coisa na sua hora.

Exceto trabahar :D

domingo, 17 de janeiro de 2010

Submundo

Minha mãe olha para a tela do meu computador e comenta:
-Meu filho, o que é isso?
- Isso o que?
- Isso aqui ó. (aponta na tela). É maconha é?
- Hã?

Clique AQUI e veja a "maconha" da minha mãe


sábado, 16 de janeiro de 2010

Vocês conseguem?

Olhem para os trechos descritos abaixo e tentem captar em que circunstâncias vocês acham que poderiam captar tais impressões. O que todos estes trechos tem em comum. No final eu digo

Apropriar-se da relatividade do tempo, na perspectiva das 24h de um dia, e procurar descrever a existência humana em sua trajetória, (..), com o uso de uma lente que deforma a imagem/existência

[Lente que deforma a existência?]

Parte da idéia metafísica de que é "dentro" que tudo se inicia e se transforma, mas sem descartar a relação inversa, já que o "de fora" também pode influenciar e modificar o interno, revelando o homem criatura.

[Até antes do homem criatura, estava bonitinho]

Celebrando o homem, mas também o condena. Na tragicidade pungente que lhe é intrínseca, decreta a necessidade de ultrapassagem, para lá de todos os equívocos humanismo.

[ Me amarrei na tragicidade pungente que lhe é intrínseca]

Uma viagem entre a força pungente do sonho e o acordar, já que o sonho pode retratar a beleza terrena ante nossos olhos, num esplendor verdadeiramente celestial, mas, também, mostrar temores cotidianos e converter o que é divertimento em puro chiste.

[Pungente é a palavra da moda heim? Também não saquei a ligação entre sonho - temores cotidianos e o problema de converter divertimento em chiste. Mas e daí né, Zé?]

Tirar a roupa é obrigatoriamente nu? Estar despido é mostrar intimidade e identidade? Como estar nu sem estar pelado?

[Vai, acho que dá pra entender o que este trecho quer dizer. Mas estes excessos de confronto de sentido da palavra, principalmente na primeira e na terceira pergunta, fica um pouco patético]



Sabe onde encontrar estas respostas?
Nos espetáculos de dança do festival. São trechos das sinopses. E olhe que eu ainda deixei pra lá uma centena de antíteses que tem nas descrições (o espetáculo que corre entre a luz e a sobra, o controle e a subjetivação, e por aí vai).
Será que não haveria como dar uma dimensão da dança que vai ser executada de uma maneira minimamente objetiva, ao menos para se ter uma idéia real do que se passa?
Agora, com todo respeito, será que quem vai ver um espetáculo de dança consegue sair de lá comentando da idéia metafísica do dentro e do fora, ou da tragicidade intrínseca?
Duvido muito.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Versos de quarta - Mário Quintana

Esse já é um velho conhecido deste blog, não poderia faltar

O auto-retrato

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem
às vezes me pinto árvore

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão

e, desta lida, em que busco
-pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

No final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O grande inquisidor -a peça

* O cenário era tenebroso. Havia um mesa com vários banquinhos estilo antigo, cadeiras "modernas" por trás, 2 copos de vidro industrializados, vassoura de cabo vermelho além de uma escada gigante. Enfim, não fazia sentido algum por si só e piorava, quando se pensava que o texto era uma referência de pelo menos 400 anos. Na prática, não existia cenário e deixaram de qualquer jeito ao fundo.

* Dar um veredito a um ator por uma leitura chega a se cruel. De positivo, dava para observar em alguns momentos, algumas expressões, algumas entonações que encaixavam bem. Por outro lado, a voz dele, boa parte do tempo em modo de grito, não fluia com naturalidade pelos ouvidos. Além disso, narração de diálogo por vezes trazia os participantes discutindo no mesmo timbre, mesmo tom de voz e mesma postura. Várias vezes não dava para saber quem falava o que.

* Sobre a voz, às vezes era difícil captar a mensagem, ator falando de costas somado a "nheco-nheco" das estruturas de madeira do teatro do levanta-e-sai constante dificultavam a vida de quem tentava prestar atenção.

* Lembro de um ponto que considerei questionável no texto. O cidadão comenta "vou recitar uma poesia de minha autoria". Entrega papéis para a platéia e.. não recita.

*Além disso, houve um outro momento curioso. Falando da luta dos escravos, que queriam apenas comida para eles dividirem, o ator para a cena, e distribui uns pães compridos para parte da plateia (a parte de convidados apenas. Coincidência?). Os recebedores, pessoas da coluna do meio do teatro, não entenderam a metáfora e ao invés de tirar um pedaço e passar para o lado, como poucos fizeram, achou que era realmente a hora do lanche e comeu o pão inteiro. Aí eu tive a convicção de que a maioria do público tava realmente pensando, unido, no velório da bezerra morta.

* O cúmulo da cena acima foi uma senhora, que tirou um pedaço e comeu, ofereceu outro a amiga e o resto do pão guardou pra levar para casa. Deus do céu

* A iluminação não jogou no mesmo time. Era simples e efetiva em boa parte do tempo, mas por pelo menos duas vezes, o iluminador acendeu a luz principal do teatro sem nenhuma razão aparente. Além disso, em um momento que o ator falou "e a noite caiu sorrateiramente". O iluminador quis representar isso, e ao invés de baixar a luz devagar, como a fala sugere, baixou de uma vez, como um blackout.

* O texto é bom, mas, independente da forma que foi apresentado, tem dificuldades de prender o leitor. Somado as circunstâncias, a peça não teve vida fácil para se desenvolver.
Eu gostei de ter ido, mas não recomendo.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O grande inquisidor - prévia

O título acima nomeou o espetáculo que fui ver quarta-feira, na abertura do principal festival local de teatro. Segundo a sinopse, era baseada em um capítulo de "os irmãos karamazov" de Dostotozin.
Então seguem algumas observações e críticas à peça:

* Por sorte, a peça foi no teatro Santa Isabel (já falei dele aqui). Por azar, era a solenidade de abertura, que como é de praxe, atrasou e entrou pelo horário da peça.

* O homenageado, Joacir Castro, fez um discurso que tinha sua coerência, mas não consonante com um festival de teatro. Basta citar as referências gloriosas a grande revista Caros Amigos, ou as grandes matérias do Le monde. Acho que a partir daí dá pra ter uma idéia do vermelhismo da coisa.

* Curiosamente, a senhora que foi chamada em seguir foi a representante da Caixa, patrocinadora do evento. Pelo visto, foi chamada de supetão, mas até que se saiu bem falando pouco. A pobre deveria estar lá batendo o ponto, mas deve ter achado a peça relaxante, pois dormiu do começo ao fim.

* Em cima da hora eu descobri que era uma leitura dramática, que é exatamente o que o nome sugere. Um ator que vai ler um texto, dramatizando-o. Eu já não sou muito afeito a monólogos, estar em um que seria lido, que limitaria a capacidade do ator (afinal os olhos e parte dos movimentos ficam comprometidos ao segurar e ler papéis).

* Ainda tem outra razão para eu não gostar das tais leituras dramáticas. A interpretação de diálogos pode ficar bastante prejudicada, em se tratando da linguagem teatral. O texto também precisa ser cativante "além dos padrões", além da mensagem precisar chegar clara ao espectador, o que para um teatro grande pode não ser uma regra. Se as premissas anteriores não forem cumpridas, a chance do público viajar na maionese ao invés de viajar no texto é grande.

* Enfim, mas já que a banda ia tocar deste jeito, o jeito era entrar no espírito da coisa.

Sobre a peça em si, na próxima postagem



quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Versos de Quarta - Millôr Fernades

Procurei uma que não representasse o estilo dele:

(à maneira de Bashô)
Nem grilo, grito ou galope
No silêncio imenso
Uma rã mergulha - Plóóp!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Complementando o haikai abaixo


link pra foto

Mais do que as foto que já tirei, lembro das que não tirei. Existem 3 que não me saem da cabeça e três estão associadas ao reveillon.

A primeira tem um quê desta de cima. Eram cachorros (em plural extendido) dormindo em cima da praça de uma praça cujo piso é onde está a arte do lugar. A praça tem um centro, que era o local onde os cachorros apagaram

A segunda é um papai noel negro, baixo, magro, com a barba pro lado e completamente bêbado, às 7 da manhã, cambaleando na praia. Chegou tarde e manguaçado para a virada.

A terceira foi uma briga de torcidas em uma das capitais com um índice de violência. Haviam 20 torcedores de um lado, uns 20 do outro e dois guardas municipais, portanto desarmados, entre as duas torcidas tentando apartar.

Ontem surgiu uma cena que daria um vídeo curioso. No palco que eu vi, em frente a igreja, cantava-se uma Ave Maria. Imediatamente embaixo, um grupo de bêbados, com suas cervejas, vodkas e cigarros na mão, faziam uma ciranda com a música religiosa.
Todos começaram 2010 regredindo um passo na escadinha dourada que leva ao céu