sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Politicaria III - O muro

Os principais métodos multicritério de apoio à decisão acrescentam no seu funcionamento um limiar de indiferença.

Como funciona isso? Em um certo patamar, o decisor é indiferente às alternativas que compara. Ele é capaz de julgar as duas, capaz de comparar, mas não é capaz de decidir. Grosso modo, seria uma "faixa de igualdade". Sem delongas teóricas, os modelos que não consideram a indiferença "forçam" o decisor a tomar uma decisão, que não necessariamente respeite a idiossincrasia do cidadão.

Em modelos de decisão em grupo, a não-tomada de decisão representa algo do tipo "pra mim tanto faz estes dois, vocês que tem razões suficientes que decidam". Esta não é uma postura que possa ser dita 100% neutra em termos de contagem, afinal a indiferença numa decisão em grupo beneficia a alternativa que já está na frente. Porém, em termos pessoais, o decisor se sente mais a vontade, pois não aponta que "a" é melhor do que "b" sem acreditar nisso.

Nas eleições políticas no Brasil, o voto da indiferença é o voto em branco. Não o branco de quem não quer saber de política e vota pra se livrar, nem o branco de quem vota como subterfúgio para ter um salvo-conduto de criticar as pessoas que votaram em quem ganhou e causou uma crise.

O voto da indiferença é de quem não se julga capaz de decidir entre as opções. Chega a colocar as alternativas numa balança, mas ela não pende pra lado nenhum. A partir do momento que a análise foi feita, não é demérito nenhum.

Nas eleições devemos fazer um esforço para optar. Encontrar algum critério, ainda que minúsculo, que decida entre um e outro. Mas se as opções se equiparam tanto a ponto de você não enxergar nenhum diferencial entre as partes, não é nenhum demérito votar em branco.

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