sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Influencias artísticas

Aqueles que gostam de literatura, música, ou algum outro tipo de arte já devem ter passado por esta situação:
Após uma exposição sua à arte, sai à rua e começa a ver a vida com as formas e contornos do que foi assimilado. Pode ser Nietzsche, observando os humanos, demasiado humanos, ou a solidão de cortar o estômago de Iberê Camargo no rosto de um mendigo que tenta dormir, ou os sons omissos do dia-a-dia após assistir uma performance de John Cage, qualquer coisa assim.

Os temas não-artisticos também possuem um sentimento semelhante. Por exemplo, estudar economia pode fazer você ver conceitos microeconômicos no vendedor de espetinhos. Porém, a arte tem uma ligação mais direta e mais profunda com o sentimento, ou o "eu interior" , o que diferencia no resultado final da influência.

Bem, uma de minhas leituras atual é "A vida como ela é", do Nelson Rodrigues. Aquela mesma que virou série do fantástico há uns 10, 15 anos. Os textos dele põe o dedo em várias feridas nas relações sociais, principalmente a conjugal. São textos com a cara do cotidiano, recheado erotismo e desfechos fortes e surpreendentes. Como diria o próprio Nelson Rodrigues: - Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.

Com este espírito y otra cositas más, dei uma saída hoje e tudo me soou um pouco diferente.

* Em uma mesa, havia um casal perfeito. Ele, um rapaz muito bonito, que chama atenção das garotas. Usava roupas de grife e tinha cara de bom moço. A moça seguia uma linha semelhante, vestida de maneira elegante e discreta, postura, parecia o estereótipo da "menina-de-família". Um casal que tem tudo pra "dar certo" e constituir família.
Porém, era um casal que transparecia o tédio. Ambos permaneciam longos instantes sem pronunciar uma palavra, sem um olhar mensageiro, sem um gesto carinhoso, sem nenhuma provocação, nada. Doía assistir aquilo. Por alguns instantes, eles pareciam realmente solitários com uma companhia "perfeita" do lado. O que se passava?

* Outra mesa trazia uma garota na faixa dos seus 18 anos, linda. Branca, alta e encorpada. Tinha os cabelos negros bem escuros e usava um vestido tomara-que-caia que a valorizava. Além disso, sua mesa era central, o que trazia ainda mais os holofotes pra si.
Um rapaz da mesma faixa de idade a acompanhava. Estava todo de preto com detalhes prateados na altura do cinto e um cabelo que passa aquele rótulo de Emo. Era alto e magro, mas não era feio nem bonito.
O que se viu no lugar foi a garota dando em cima do rapaz sutilmente enquanto ele desviava o rosto, inclinava o corpo pra trás e evitava a garota. Observei que os marmanjos ao redor invejaram a situação do emo na mesma proporção que se indignavam com a falta de ação. O burbrinho era geral. A senhorinha resolveu intensificar as ações e dar em cima dele descaradamente, puxando-o pra si, aproximando o rosto a centímetros.Ele mantinha a "defesa". Pelo gestual do rapaz, ele parecia que estava com algum receio, algum medo. Pois às vezes ele até tentava se aproximar, mas recuava e balançava a cabeça negativamente. Olhava perdido pra baixo.

Talvez eu enxergasse estas cenas mesmo sem Rodrigues. Contudo, ele me transportava nestes instantes. Eu conjecturava como eles se conheceram, a intensidade dos sentimentos, o desenrolar (com doses de erotismo ou a sua falta) e qual seria o desfecho disso tudo (um desfecho Rodrigueano, claro).

A literatura hoje me ajudou a tornar uma saída comum, numa sexta comum, para um lugar comum tivesse um status de única. De histórias que eu vou pensar como poderia ter sido se passasse antes pela cabeça do anjo pornográfico.

Ps: Citar Rodrigues aqui nem é novidade, ele é figura recorrente com suas frases :D

3 comentários:

Daiany Maia disse...

É exatamente como disse, e acho essa uma função primordial da arte: prover um novo olhar.

Me lembro de assistir os episódios de A vida como ela é. Nunca me esqueci de um em que o cara tinha uma amante e acabou se matando porque as duas, mulher e amante, o faziam jantar e repetir: o cara de matou pq tinha que comer 4 refeições.

bjo

Ivna Alba disse...

Pois... eh,ehe,eh,ehe,he,eh,ehe,ehe,he,ehe,he,eheh, possível e verídico!!!
Fui ver o show dele na Virada e não era com a temática infantil e mesmo assim, ele consegue envolver a pessoa nessa esfera de inocência!!!
Toquinho é um dos poucos masters que resta... snif snif!!!
Eu ouvi falar super bem do novo show do pato fu...Gostou?!?!
Beijosss!!!

Ivna Alba disse...

Eu curto Pato Fu, as vezes, acho que a Fernanda poderia dar um plus a mais na voz dela, pra variar... eh,ehe,he,eh,ehe,he,ehe,he,eh,ehe, mas eu curto!!! Aaaaaah, eu adoro esses programas que vamos sem gastar nada!!! Geralmente são os que mais tiramos ideias interessantes... Entãoooo, vamos nos falando sim... Eu só não fico muito no ar, mas meu gtalk é o ivnaalba@gmail.com...
Beijosss!!!

O "aqui" é SP :)