Ando numa fase onde a parte musical está em alta.
Bem, talvez algo assim já tenha já tenha acontecido com você: um grande artista, que conheces relativamente bem (mas não é da sua panelinha de intocáveis) lança um álbum. Escutas a primeira, a segunda música e nenhuma delas "pega".
- Pô, acho que fulaninho errou a mão, as músicas tão meio (...)
Deleta, e vai pra outro disco.
Atualmente, com tantas opções e disponibilidade, perdeu-se um pouco o hábito de parar pra ouvir um disco e se "acostumar" com ele. Na época do início do CD, o raio de ação era basicamente os discos que você tinha, o que seus amigos poderiam emprestar e as fitas k7. Naquela época, quando eu comprava um álbum que eu não gostava tanto, eu "insistia" um pouco mais, para ver se aproveitava alguma daquelas músicas, já que era aquilo que eu tinha em mãos. Graças a isto, eu consegui não deixar escapar pelos dedos alguns clássicos que não me cativaram na primeira audição.
Que fique claro: o "acostumar" não era no sentido de tolerar, era de gostar mesmo. Às vezes, quando se tratava de uma sonoridade diferente, acontecia de ir buscar mais músicas naquele estilo e ampliava minhas opções. Hoje em dia eu tento resistir um pouco mais a ânsia de deletar e procurar outra coisa, mas reconheço que nem sempre é fácil com tanta coisa boa por aí pra ouvir.
Recentemente isso ia acontecendo comigo. Quase que o Fork in the Road, do Neil Young, escapa sorrateiramente de mim. Ouvi, não "pegou". Uma, duas, três vezes. Reconhecia a qualidade (ganhou até Grammy) , mas não tinha nenhuma música que me embalava. Até que surgiu a primeira música que eu saí cantarolando por aí, a segunda, a terceira.. Hoje, escuto este álbum e tenho a sensação que ele compôs tudo isso no banco de um conversível atravessando as estradas dos EUA com seu carro elétrico
Um rock puro e bem tocado. Percebi que sentia a falta disso assim que a ficha caiu.
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