Inicia com o mecânico apontando com o queixo para uma loira que passava do outro lado:
- Olha só.
- Hã?
- Aquela loira ali.
- Ah, sim sim. Tinha visto ela na outra sala.
- Gostosa né. Essa calça jeans
- Pois é, ela tá bem. Deve ouvir um monte na rua do povo soltando gracinha.
- Pois isso é uma coisa que eu não faço!
Me surpreendo como ele foi enfático, prossigo.
- Soltar gracinha pra mulher?
- Sim. Aí vem o marido atrás, puxa o braço e "dá-le". Ele vai ter razão. Aqui mesmo teve um caso destes. O marido meteu a mão na cara do rapaz e quando ele foi revidar, puxou a arma.
- Eita. Assim é fácil ser corajoso.
- Olhe rapaz, vou te dizer uma coisa. Se a mulher do meu irmão quiser me dar, eu como. Se mihna irmã quiser me dar. Eu como. Quando eu era mais jovem mesmo eu comi a mulher do pastor, ela tava querendo. Se elas querem dar, eu como. Mas não falo de ninguém na rua! Não falo não, de jeito nenhum.
[ahh tá, claro..]
- Mas isso não pode dar confusão não?
- Poder pode. Mas se elas quiserem dar, eu como. Outra coisa. Eu não falo nada, mas olho! Olho mesmo, se passar aqui na frente eu "fico com as butuca de oio assim ó".
- Mas isso não vai ofender com quem fala não?
- Ofender o que? Que nada. Se veste daquele jeito porque quer. Olho mesmo. E se vier reclamar eu não tenho medo não. Pode ser aqueles 'grandão' de desenho animado. Eu não tenho medo de nada neste mundo, só de uma coisa. Do castigo divino.
Então vamo resumir:
Comentários cretinos na rua para mulher é uma invasão mas olhar descaradamente é um direito garantido seu.
Pegar a cunhada e a própria irmã é lícito, ainda que proibido pela igreja, só que a única coisa que se tem a temer é o castigo divino.
Tá ferrado o homem