quarta-feira, 30 de março de 2011

Versos de quarta - Solano Trindade

Solano Trindade é um poeta pernambucano que faz parte do circuito dos poetas. Negro, fez várias poesias sobre as injustiças sociais sobre as questões relacionadas. Também tem uma parcela de poesia com um interessante cunho social, entre outros.

Abaixo uma poesia muito bacana dele. Que tal uma grava colorida, Solano?

GRAVATA COLORIDA

Quando eu tiver bastante pão
para meus filhos
para minha amada
pros meus amigos
e pros meus vizinhos
quando eu tiver
livros para ler
então eu comprarei
uma gravata colorida
larga
bonita
e darei um laço perfeito
e ficarei mostrando
a minha gravata colorida
a todos os que gostam
de gente engravatada...

sábado, 26 de março de 2011

Haikai de sábado

Abraço.
Se o espaço é escasso
Não desfaço

segunda-feira, 21 de março de 2011

Liberdade e imaginação

Complementando a postagem anterior. Uma coisa bacana no mundo das artes é uma "ampliação" do espaço da liberdade. O artista é capaz de mudar algumas regras evidente pra gente e inovar pela sua imaginação.

Um dos caras que eu vejo com esta ótica é o surrealista Marc Chagall. Utilizando bem o seu movimento artístico, Chagall se soltou de algumas amarras e produziu quadros muito bonitos. Gente voando, cores diferentes, fantasia misturado com realidade são uma constante no trabalho do cidadão. Alguns quadros estão abaixo a mostra.


Lovers flying






The promenade









Eu e a aldeia

sexta-feira, 11 de março de 2011

O carnaval não é só isso

Todos vocês já devem ter visto o comentário da jornalista Rachel Sheherazade atacando o carnaval. A transcrição do texto está aqui

Já foi falado, já repercutiu bastante, mas eu não vi nenhuma reposta que colocasse determinados limites no comentário. Vejo uma louvação tremenda. Vou registrar aqui alguns contrapontos que os olhos parciais não consideram.

1. O carnaval pode não ter origem brasileira, mas o carnaval brasileiro é sim genuíno. Se a gente regride as coisas, o que foi inspirado no que, vamos voltar muito além. Além do mais, quem se importa da origem?

2. Sei que no Rio de Janeiro tem blocos de rua enormes. No Recife é cheio de atrações gratuitas. O galo da Madrugada, que arrasta 1,7 milhões de pessoas, deve ter no máximo uns 5% de pessoas de camarotes. Neste panorama, é uma festa popular sim. Foi uma generalização infeliz do carnaval.
E vamos parar com esse negócio de que é feio ganhar dinheiro.

3. Concordo que há músicas ruins, mas em Recife/Olinda temos frevos-canção lindos. Por sinal, o frevo tradicional se apresenta na Europa em festivais de Jazz. O samba tradicional do rio não pode ser considerado uma música pobre também. Mais uma generalização que incomoda

4. Hoje em dia, o que se faz em favor do povo é rotulado de política de pão-e-circo. Apontar de maneira hipócrita "onde estão os policiais" e "onde estão as ambulâncias" na diversão da massa que não pode se defender é fácil, até porque não mexe com os prazeres pessoais dela.
Os prazeres da vida são racionais e "inutensílicos", como diria Leminski. Se formos racionalizar tudo, não vamos por o pé fora de casa.

5. Esta parte da crítica quanto ao giro de dinheiro no carnaval é muito pobre, convenhamos. A própria João Pessoa tem um fluxo de turistas muito forte. Os informais faturam SIM no carnaval, tanto que lotam as ruas vendendo seus itens. Isso não resolve o problema social deles e etc, mas os ajudam.

6. Culpar o carnaval por acidentes de embriagados e por gravidez indesejada é colocar o carro na frente dos bois. Se alguém bebe e dirige em festa, faz isso sendo carnaval ou não. O mesmo quem se descuida dos métodos contraceptivos.

7. O carnaval foi bom nos tempos de outrora? É bom dar uma lida aqui antes de bater o pé nesta opinião. Outrora também tinha seus problemas, mas são mais fáceis de esquecer.

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Até concordo que o comentário dela possa exibir algumas realidades e induzir reflexões importantes, mas discordo totalmente da forma ampla e generalista que foi feito. Olhe que eu nem sou chegado em carnaval. Sempre que posso eu viajo pra outros cantos, mas acho importante marcar opinião

sábado, 5 de março de 2011

Haikai dos sábados

Nem todo dia

Meio-dia chuvoso
A praia vazia
Fechou para almoço

quarta-feira, 2 de março de 2011

Poesia de quarta - Emily Dickinson

Eu costumo dizer que a manhã, pra mim, representa vida. É quando as praias estão lotadas, as crianças correm por aí, as familias vão às ruas e se expõem, normalmente felizes como propaganda de margarina.

Vou deixar um pequeno verso sobre a manhã, escrito pela Emily Dickinson, poetiza americana que se manteve reservada durante a vida, só ficando famosa depois que partiu.

"Morning"—means "Milking"—to the Farmer—
Dawn—to the Teneriffe—
Dice—to the Maid—
Morning means just Risk—to the Lover—
Just revelation—to the Beloved—

Tradução de Ivo Bender

Manhã - significa ordenha - para o fazendeiro
Alvorecer - Para o Tenerife
Picar verdura - Para a cunhada
Manhã significa tão-só risco - para o amante
E apenas revelação - para a bem amada